Pingo

O nome dele é Pingo, um simpático e inofensivo vira-latinha, que passamos a criar desde a chegada de Seu Marcos, meu sogro. Pingo cuida da casa, com seus latidos estridentes à aproximação de alguma pessoa estranha. Tudo o que ele mais gosta é passear livremente pela calçada na frente de casa. Percebendo que ele sempre voltava depois de passeios pelas ruas e um terreno baldio na frente de casa, adotamos este hábito de soltá-lo, sem maiores problemas. Afinal estamos em uma cidade do interior. Sendo ele um câozinho muito sociável e esperto, ficava aguardando à frente do portão, ao fim de seus passeios.

Um dia ele não voltou. Sabíamos que ele estava muito alerta com a presença de uma cadelinha no cio, e obviamente queria ser um dos agraciados com um encontro amoroso. Mas chegou a noite e ele não veio, deixando-nos preocupados. No dia seguinte veio a notícia: pingo havia sido atropelado, em via pública da cidade, onde circulam pedestres, crianças e ciclistas, por um carro de vidros escuros que estava em alta velocidade. O motorista esmagou as pernas traseiras e a cauda do cachorrinho, que gania esfacelado no meio da rua. Após seu expediente hiper agressivo, o facínora nem se dignou a parar, desaparecendo em sua egoísta alta velocidade.

 

Depois disso, ele foi parar em uma ONG, a Adocão de Capão Bonito, que cuida de cachorros que estão na rua, sem dono. Foi pelas mãos de Pedro e Nadir que Pingo teve sua vida salva. Eles acionaram a Adocão. A seguir, o cachorrinho foi operado pelo veterinário Dr. Renê que desarticulou os ossinhos, fazendo as amputações. Agora Pingo é mais um mutilado da guerra do transito. Perdeu a perninha traseira e parte do rabo. Nossa gratidão a estes cidadãos e profissionais, pois sem eles Pingo estaria morto.

 

Tamanha agressividade em um acidente dentro da área urbana, nos faz pensar sobre a segurança que temos ao andar por pacatas ruas de uma cidade do interior, com maníacos como este trafegando seus bólidos, sem a menor noção de consequência.

 

Certo dia, estava eu dirigindo na Via Dutra, entre Rio e São Paulo, a 120 km/h (média permitida nesta via expressa) e vi um cachorrinho branco entrar na pista e atravessá-la, sem a menor noção de perigo. Imedatamente reduzi a velocidade, ativando o pisca alerta e alertando outros motoristas, que tambem reduziram, permitindo que o inocente cachorrinho saísse ileso de sua incursão à via de alta velocidade.

 

Mas o que aconteceu com o Pingo foi exatamente o contrário. Foi atropelado a 90, 100km/h em uma pista urbana de velocidade máxima permitida de 50km/h. O malvado viu o bichinho, sequer teve a consciência de reduzir ou frear, esmagou-o com sua carroça de lata e nem pensou em dar assistência ao animalzinho.

 

Fico tambem refletindo na quantidade de multas que colho entre São Paulo, Capão e outros locais, por haver passado a meros 60km/h em uma via onde não se via a placa de 50km/h, ou na estrada, por andar a 120 km/h em uma pista permitida para 110 km/h, sinalizados em uma placa súbita que passou desapercebida. São muitas centenas de reais que acabo deixando para o sistema de trânsito, além das penalizações de muitos pontos na carteira.

 

Penso como o mesmo sistema de trânsito permite que alcoólatras embriagados, psicopatas com distúrbio maníaco e falsos machos que se afirmam usando suas tralhas de lata, como uma extensão de seus egos, trafeguem livremente. O que faz com que eles possam trafegar em velocidades inimagináveis dentro da área urbana, causando tragédias que envolvem famílias inteiras, cidadãos e usuários corretos?

 

Que eficiência tem o sistema nacional de trânsito de tirar das ruas estes doentes de volante na mão? Por que somos tão frequentemente punidos e obrigados a pagar caro por bobagens e eles desfilam sua arrogância e impunidade, pelas ruas do Brasil, assassinando e mutilando inocentes, sejam animais, crianças, idosos ou trabalhadores?

 

Será que somos “mais fáceis de pegar e autuar” que eles?

 

Fonte: oexpresso

Alberto P. Gonzalez, médico.
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