Da ditadura à democracia

DA DITADURA À DEMOCRACIA

 
Passava-se o ano de 1977. A Universidade de Brasília sofria a intervenção do reitor Azevedo, representante do regime militar. que ordenara a presença de tropas de choque no interior do campus. Mais absurdamente ainda, soldados vestidos de preto e armados bordeavam os corredores e as saídas de salas de aula. Tudo era vigiado. O aluno que pronunciasse alguma palavra contra o regime militar ou mesmo contra o imperialismo americano e a condição de quintal político do Brasil poderia ser preso e torturado. Eu tinha 16 anos e já era aluno da UnB. Minha mente se incensava com tantas idéias efervescentes e a coragem daqueles alunos, que discursavam em corredores e distribuiam panfletos. Muitos deles desapareceram e voltaram anos depois, com sequelas do sofrimento e das torturas nos porões do DOPS. Honestino Guimarães, símbolo da luta contra a repressão e aluno da UnB não teve a mesma sorte e faleceu no cativeiro.

A juventude sempre foi, é e será a semente das grandes mudanças. Nos poucos momentos em que a juventude brasileira foi às ruas, como no movimento das Diretas Já ou do Fora Collor, algo marcante aconteceu na história do país. O que vemos hoje na rígida sociedade árabe é a tomada da cena política pela juventude. Várias ditaduras familiares, religiosas e militares estão caindo, enquanto outras estão com os dias contados. É sempre assim, quando o jovem assume a liderança. Toda uma enorme multidão de adultos e velhos, frustrados e conformados com anos de humilhação os seguem e a verdadeira revolução acontece. Foi assim na queda do comunismo russo e do Muro de Berlim.

Na minha juventude tinhamos os livros de cabeceira dos autores envolvidos com a mudança: Darcy Ribeiro, Gilberto Freire e Karl Marx eram leituras obrigatórias para estar dentro do movimento estudantil. Mas esta nova e potente revolução que percebemos no mundo árabe tem uma nova referencia. Chama-se Da Ditadura à Democracia – Um guia conceitual para a libertação, livro do cientista político americano Gene Sharp, de apenas 93 páginas, e que está por trás de toda a revolução árabe.

Este livro traz informações valiosas de como uma sociedade inteira, em rede, sem a necessidade de uma liderança e através de atuação pacífica pode mudar o curso da história de seus países. O grande inspirador deste livro e deste movimento mundial chama-se Ghandi, o Mahatma que libertou a Índia do colonialismo inglês através da resistência pacífica. So que agora foram as redes sociais e a internet como um todo que se tornaram panfletos, que correm à velocidade da luz.

A história de Ghandi sempre me comoveu, e muito me comove agora o que acontece no mundo árabe. Eles estão de fato, dando um salto histórico, das ditaduras à democracia. Mas quero terminar esta análise fazendo uma pergunta aos leitores. De que ditadura nós aqui no Brasil, ainda temos que nos libertar? A democracia de nosso país, com bases governamentais sólidas e amadurecimento político da nossa população é uma meta atingida? O que instigaria os jovens e uma mudança radical, nos moldes árabes?

Eu tenho estas respostas. A ditadura atual é econômica e intelectual, responde ao interesse de corporações multinacionais bilionárias, está infiltrada no currículo das melhores universidades do país, que ensinam graves distorções como verdades estabelecidas.

Quero que o leitor, principalmente o jovem leitor, se pergunte: será que teremos que repetir o refrão “ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais?”. Será que nossa natureza é viver até uma certa idade, depois degenerar nossa saúde e tornarmo-nos inválidos? Será que o alimento que consumimos foi produzido de maneira adequada e está livre de venenos químicos? Será que as políticas públicas de saúde estão direcionadas para a solução da saúde do brasileiro ou apenas para a manutenção da doença? Perguntem-se. Entrem nas redes sociais. Procurem saber o que é a Revolução da Colher. Vejam os movimentos em andamento, pela proteção dos animais, pela cultura orgânica e pela reversão da catástrofe ambiental anunciada em nosso planeta.

ALLEZ LES JEUNES!
Alberto P. Gonzalez, médico
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