Águas em teresópolis

ÁGUAS EM TERESÓPOLIS
Olá queridos amigos do blog
Esta carta foi veiculada pela minha querida colega Maria Luiza Nogueira, médica coordenadora do Programa “Terrapia” www.ensp.fiocruz.br/terrapia , na Fiocruz do Rio de Janeiro, onde aprendi muito do que sei sobre alimentação viva. Ela é moradora de Teresópolis e descreveu de maneira muito apropriada este momento focalizado de apocalipse.
” Decidi contar um pouco do que temos vivido aqui na serra santa! Depois de passada a grande chuva, aqui em casa estava tudo no lugar. Como não temos hábito de ouvir noticiário, nada aconteceu. Até sairmos de casa ontem para visitar a vizinhança!
Viver próximo da natureza as vezes nos assusta. Esse mar vindo do céu derretendo os topos dos morros é algo que nunca imaginei. Parece que a terra está derretendo e escorrendo sangrenta morro abaixo. Tudo vermelho, carregando árvores, casas, objetos e corpos nus.
A força das águas arrancou tudo! Corpos pendurados em muros, carros sobre as árvores e pessoas desoladas. Não há lugar para emoções e sentimentos! Não há lugar para outros pensamentos. Viver o presente e agradecer a vida dos que ficaram é mais forte! E viver a irmandade da nossa espécie, que vive momentos de riscos.
Continua chovendo e os morros estão rachados, prontos para desabarem mais. Incrível, que mesmo com toda a força das raízes, mata virgem desceu morro abaixo! Não foram só áreas de desmatamento humano que sofreram! Um desastre é um desastre. E sabemos que por muitos meses sentiremos cheiro de morte no ar!
Familias que perderam 9 pessoas de uma só vez, cemitérios abertos com escavadeira porque não dá pra enterrar um por vez. Isso para os afortunados que encontraram os corpos de seus amados, porque a maioria ainda não encontrou!
Escolhemos Vieira para atuar. Próximo da divisa com Friburgo, o vilarejo está desfigurado. Um grande mar de lama! O rio nivelou-se com a estrada e desceram cachoeiras vindo de Friburgo, carregando tudo. Casas cortadas pelo meio ou totalmente destruidas. Sem água limpa, não conseguem limpar os restos que sobraram. Falta comida e objetos de casa para começar a recompor, mesmo sabendo que as chuvas continuam.
As pessoas nem sabem receber ajuda, pois nunca viveram isso. É preciso animá-los a pegar as doações. Ficam inibidos com a situação. A igreja cheia de roupas de toda ordem! A força da solidariedade parece do tamanho das ondas do “tsunami” que veio do céu!
Lembro da trama de defesa linfática que protege nossos corpos (desculpem a comparação, coisa de médicos). Igual se juntam em torno da área afetada formando uma “rede” que fica lá até se resolver a situação! Fazemos isso também! É preciso saber que por meses essas pessoas precisarão de nossa presença e atuação até que recuperem suas próprias forças.
Há 1 mês atrás, em nossa localidade, tivemos algo próximo, atingindo 20 casas e sem mortes. A mobilização da comunidade alimentou essas familias por um mes e ajudou a reconstruir casas. Hoje estão bem e mais fortes que antes!
Assim, se alguns de vocês quiserem entrar na “rede” procurem a Defesa Civil de Teresópolis, telefone 199. Existem vários postos de recolhimento de doações espalhados na cidade e a maior concentração está no estadio do Pedrão, bem no centro! Hoje estamos indo ao Pedrão buscar mais comida para Vieira!
Agradecemos aos inúmeros telefonemas de preocupação com a gente!
Abs Maria Luiza e Jorge”

Dr. Alberto P. Gonzalez
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